Herege: A Revelação

Descubra... Acredite... Divulgue... Prove... Sobreviva.

Bárbara:

Não a culpo por me odiar, afinal, não fui um marido exemplar. Não fui o homem que te prometi ser, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença... até que a morte nos separasse.

Bem, se você está lendo isso, sabe o que me aconteceu...

Confio em Taylor. Ele parece saber o que se passa entre nós. É um bom homem, apesar da pouca idade. Sim, os jovens são mais eficientes. Têm mais energia em seus corpos; fazem as coisas por amor. Um amor que você não conheceu em mim. Um amor que sempre senti por você... Desde que a vi. E isso faz mais de 5 anos (sim, mais de cinco anos... eu já a observava quando estudava em Princenton. Sabia que você seria uma mulher de sucesso na profissão que escolhesse. Infelizmente, escolheu mal. Você deveria ter sido modelo, afinal é linda. Ou médica, porque ama a vida, ou até mesmo executiva, porque sabe lidar com as pessoas muito bem...

Mas escolheu a carreira de escritora, historiadora, estudiosa...

Deus me perdoi (mas, que diabos estou dizendo?) você tinha que escolher o caminho do conhecimento?

Do Conhecimento?

“O conhecimento traz o poder”, já dizia Freud. Mas a Verdade pode matar. Ah, sim, a Verdade mata. Sempre foi assim, Bárbara. E assim sempre será. Não adianta nadar contra a correnteza, ela engolirá você. E você morre no fim.

Aqui estou eu falando de morte mais uma vez... (mas não é esse o final de todo ser humano?) Em breve ela virá me buscar...

Nosso casamento foi um desastre. Não posso negar tudo de ruim que fiz e em quantas privações eu te meti. Mas era preciso. Você não podia morrer. A mulher que eu amo não podia morrer! Você sempre foi tão... importante para mim! Eu te amo, Bárbara!

EU TE AMO!!!!

Mas devia ter percebido que seria impossível te manter em cativeiro. Você nasceu com asas, garota, asas de sonhos e vontades.

Quero que entenda, Bárbara: quando a vi, apaixonei-me pela mulher que você é e não pela que queria que você fosse. Mas não era a minha vontade. Era vontade “DELES” que fosse controlada, pois seria um perigo para a Verdade. Eu passei 5 anos sem poder te dizer o que sentia, querida. Fui forçado a te destratar e castrar teu talento. Eu estava sendo vigiado 24 horas por dia. Sabiam de tudo o que acontecia em nosso apartamento. Viam tudo o que fazíamos em casa. Se eu mudasse, “ELES” apareciam e fariam a “faxina”... Eu devia te controlar. Ou “ELES” te matavam... E acredite: para “ELES”, a morte é apenas o começo...

Naquela noite quando você foi embora, EU praticamente morri. Não tinha mais razão para continuar vivo. E sabia que não continuaria vivo. Mas me preocupei com você e por isso escrevi esta carta. Você corre perigo, Bárbara. Fuja. Fuja para bem longe. Você precisa DESAPARECER desta cidade maldita.

Não posso te contar mais para a sua própria segurança. “ELES” saberiam se eu te falasse tudo. Ao menos posso morrer tranqüilo, sabendo que você estará verdadeiramente segura. É só não procurar respostas. É só se contentar com o que o mundo diz, com que o mundo mostra ao mundo. Não queira saber o que está havendo, logo a chamariam de louca... e os loucos são esquecidos. Os loucos morrem... e ninguém liga a mínima.

Quanto ao nosso filho, lamento, mas seria impossível. EU não poderia fazer isso. Você? Grávida? Não, não, não. Acredite, Bárbara, eu sei o que estou dizendo. Não daria certo.

Bem, vamos voltar a falar na SUA VONTADE. Não queria que fosse assim, mas aí vai a boa notícia: assinei os papéis do divórcio. Você está livre de mim para sempre. Há também outra coisa...

Tudo o que consegui em minha vida, foi com sua ajuda. É justo que você tenha direito a algo. Onde estou não vou poder desfrutar muito, diga-se de passagem.

Taylor a ajudará. Confie nele. Eu confio, apesar da pouca idade...

Voa pássaro. Voa até as nuvens... Você pertence a elas... e elas te pertencem... Voa para o alto e não olhe para trás. O passado já passou, você é presente, mesmo que ausente; seu futuro ainda não chegou...

Não importa o que aconteça, EU TE AMO...

Cuide-se bem,

Carl.

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